Há exatamente trinta anos, Ana Cristina Cesar se suicidou. Ela se jogou da janela do apartamento dos pais aos 31 anos, no Rio de Janeiro.
Ana Cristina Cesar deixou em sua breve passagem pela literatura brasileira do século XX uma marca indelével. Tornou-se um dos mais importantes representantes da poesia marginal que florescia na década de 1970, justamente pela singularidade que a distanciava das “leis do grupo”. Criou uma dicção muito própria, que conjugava a prosa e a poesia, o pop e a alta literatura, o íntimo e o universal, o masculino e o feminino — pois a mulher moderna e liberta, capaz de falar abertamente de seu corpo e de sua sexualidade, derramava-se numa delicadeza que podia conflitar, na visão dos desavisados, com o feminismo enérgico, característico da época.
http://www.blogdacompanhia.com.br/2013/10/ana-cristina-cesar/
QUARTA-FEIRA, FEVEREIRO 12, 2014
Ana Cristina Cesar abriu curiosa o céu, afastando de leve as cortinas. Ela não sabia que virar pelo avesso era uma experiência mortal, mas foi.
Fagulha
Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
Mais sobre Ana Cristina Cesar em
QUARTA-FEIRA, JANEIRO 15, 2014
Este livro, meu filho, é jazz do coração. Enfie a carapuça e cante, puro açúcar e blue, jura Ana Cristina Cesar.
Este livro
Meu filho. Não é automatismo. Juro. É jazz do
coração. É prosa que dá prêmio. Um tea for two
total, tilintar de verdade que você seduz,
charmeur volante, pela pista, a toda. Enfie a
carapuça.
E cante.
Puro açúcar branco e blue.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
Mais sobre Ana Cristina Cesar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Cristina_Cesar
QUINTA-FEIRA, OUTUBRO 24, 2013
Ana Cristina Cesar queria um beijo que tivesse um blue e que imitasse feliz a delicadeza que mergulha no reino do prazer. Mas era um blue feliz.
Um beijo
Que tivesse um blue
Isto é
Imitasse feliz
A delicadeza, a sua
Assim como um tropeço
Que mergulha surdamente
No reino expresso
Do prazer
Espio sem um ai
As evoluções do teu confronto
À minha sombra
Desde a escolha
Debruçada no menu;
Um peixe grelhado
Um namorado
Uma água sem gás
De decolagem:
Leitor ensurdecido
Talvez embebecido
"ao sucesso"
diria meu censor
"à escuta"
diria meu amor
sempre em blue
mas era um blue feliz.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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QUARTA-FEIRA, AGOSTO 28, 2013
Devagar, peça mais, e mais, e mais. Assim é a poesia de Ana Cristina César, inquieta e complexa como sua alma.
Flores do mais
devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano da boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
Ana Cristina César
(1952-1983)
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TERÇA-FEIRA, ABRIL 16, 2013
Ana Cristina César fez tudo para o seu amor gostar. Ela queria apenas carinho, mas tantas fez, tantas, tantas fez...
Samba-canção
Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça,
pelo telefone - taí,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era uma estratégia),
fiz comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz...
Ana Cristina César
(1952-1983)
Mais sobre Ana Cristina César em
SEXTA-FEIRA, NOVEMBRO 09, 2012
O navio desatraca. E Ana Cristina Cesar ainda o escuta folhear os últimos poemas com metade de um sorriso.
Ultimo adeus II
O navio desatraca
imagino um grande desastre sobre a terra
as lições levantam vôo,
agudas
pânicos felinos debruçados na amurada.
E na deck-chair
ainda te escuto folhear os últimos poemas
com metade de um sorriso.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
Mais sobre Ana Cristina Cesar em
SEGUNDA-FEIRA, OUTUBRO 15, 2012
Chove. E enquanto a chuva caía, no coração de Ana Cristina Cesar chovia a chuva do teu olhar.
Chove
A chuva cai.
Os telhados estão molhados,
Os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
O tempo está novo.
A cidade lavada.
A tarde entardece,
Sem o ciciar das cigarras,
Sem o jubilar dos pássaros,
Sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove molhada,
No teto dos guarda-chuvas.
Chove.
A chuva chove ligeira,
Nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventado,
Nos vidros que se embalançam,
Nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
Chove no mar que está cinza,
Chove no asfalto negro,
Chove nos corações.
Chove em cada alma,
Em cada refúgio chove;
E quando me olhaste em mim,
Com os olhos que me seguiam,
Enquanto a chuva caía
No meu coração chovia
A chuva do teu olhar.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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SEXTA-FEIRA, SETEMBRO 14, 2012
O nome do gato assegura a vigília de Ana Cristina Cesar. O gato transcrito que antes era marca do seu rosto, garra no seu seio.
O nome do gato assegura minha vigília
O nome do gato assegura minha vigília
e morde meu pulso distraído
finjo escrever gato, digo: pupilas, focinhos
e patas emergentes. Mas onde repousa
o nome, ataque e fingimento,
estou ameaçada e repetida
e antecipada pela espreita meio adormecida
do gato que riscaste por te preceder e
perder em traços a visão contígua
de coisa que surge aos saltos
no tempo, ameaçando de morte
a própria forma ameaçada do desenho
e o gato transcrito que antes era
marca do meu rosto, garra no meu seio.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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SEGUNDA-FEIRA, JUNHO 25, 2012
Homem: Acorda! Em seu grito na antecâmera, Ana Cristina Cesar quer pensar ao apalpar, dizer ao conviver, parir ao repartir.
Deus na antecâmara
Mereço (merecemos, meretrizes)
Perdão (perdoai-nos, patres conscripti)
Socorro (correi, valei-nos, santos perdidos)
Eu quero me livrar desta poesia infecta
beijar mãos sem elos sem tinturas
consciências soltas pelos ventos
desatando o culto das antecedências
sem medo de dedos de dados de dúvidas
em prontidão sanguinária
(sangue e amor se aconchegando
horas atrás de hora)
Eu quero pensar ao apalpar
eu quero dizer ao conviver
eu quero parir ao repartir
Filho
Pai
e
Fogo
DE-LI-BE-RA-MEN-TE
abertos ao tudo inteiro
maiores que o todo nosso
em nós (com a gente) se dando
HOMEM: ACORDA!
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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QUARTA-FEIRA, JANEIRO 04, 2012
Te acalma, minha loucura! Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados, no grito de Ana Cristina Cesar.
Casablanca
Te acalma. minha loucura!
Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados!
Este sonho de serra de afiar facas
não chegará nem perto do teu canteiro de taquicardias...
Estas molas a gemer no quarto ao lado
Roberto Carlos a gemer nas curvas da Bahia
O cheiro inebriante dos cabelos na fila em frente no cinema...
As chaminés espumam pros meus olhos
As hélices do adeus despertam pros meus olhos
Os tamancos e os sinos me acordam depressa na
madrugada feita de binóculos de gávea
e chuveirinhos de bidê que escuto rígida nos lençóis de pano.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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SEXTA-FEIRA, NOVEMBRO 04, 2011
Ana Cristina Cesar em um encontro de assombrar na Catedral. Frente a frente, com os olhos, dizendo, com os olhos, do silêncio que não é mudez.
Encontro de assombrar na Catedral
Frente a frente, derramando enfim todas as
palavras , dizemos, com os olhos, do silêncio
que não é mudez.
E não toma medo desta alta compadecida
passional, desta crueldade intensa que te
toma as mãos.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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SEGUNDA-FEIRA, AGOSTO 22, 2011
Não é mentira a dor que dói em mim. É outra, no sofrimento de Ana Cristina Cesar.
Fisionomia
Não é mentira
é outra
a dor que dói
em mim
é um projeto
de passeio
em círculo
um malogro
do objeto
em foco
a intensidade
de luz
de tarde
no jardim
é outra
outra a dor que dói.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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QUARTA-FEIRA, OUTUBRO 06, 2010
Pouco antes de sua morte, Ana Cristina César acreditava que se amasse de novo esqueceria outros rostos que amou. Mas não conseguiu esquecer o seu amor.
Contagem regressiva
Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três a quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos
Ana Cristina César
(1952-1983)
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DOMINGO, SETEMBRO 26, 2010
Na noite carioca, Ana Cristina Cesar apresenta a mulher mais discreta do mundo. A que não tem nenhum segredo.
Noite carioca
Diálogo de surdos, não: amistoso no frio.
Atravanco na contramão. Suspiros no
contrafluxo. Te apresento a mulher mais discreta
do mundo: essa que não tem nenhum segredo.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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QUARTA-FEIRA, MAIO 12, 2010
Este livro, meu filho, é jazz do coração. Enfie a carapuça e cante, puro açúcar branco e blue, diz em versos Ana Cristina Cesar.
Este livro
Meu filho. Não é automatismo. Juro. É jazz do
coração. É prosa que dá prêmio. Um tea for two
total, tilintar de verdade que você seduz,
charmeur volante, pela pista, a toda. Enfie a
carapuça.
E cante.
Puro açúcar branco e blue.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
Mais sobre Ana Cristina Cesar em
SÁBADO, FEVEREIRO 27, 2010
Naquele travelling, a câmera em rasante viajava. E de todas aquelas três vozes, Ana Cristina Cesar bebeu um pouco.
Travelling
Tarde da noite recoloco a casa toda em seu lugar.
Guardo os papéis todos que sobraram.
Confirmo para mim a solidez dos cadeados.
Nunca mais te disse uma palavra.
Do alto da serra de Petrópolis,
com um chapéu de ponta e um regador,
Elizabeth reconfirmava, “Perder
é mais fácil que se pensa”.
Rasgo os papéis todos que sobraram.
“Os seus olhos pecam, mas seu corpo
não”,
dizia o tradutor preciso, simultâneo,
e suas mãos é que tremiam. ‘É perigoso”,
ria Carolina perita no papel Kodak.
A câmera em rasante viajava.
A voz em off nas montanhas, inextinguível
fogo domado da paixão, a voz
do espelho dos meus olhos,
negando-se a todas as viagens,
e a voz rascante da velocidade,
de todas três bebi um pouco.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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QUARTA-FEIRA, NOVEMBRO 04, 2009
Ana Cristina Cesar tentou.
Tenho uma folha branca
Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite:
tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
Mais sobre Ana Cristina Cesar em
SEXTA-FEIRA, OUTUBRO 09, 2009
Para Ana Cristina Cesar, nada disfarça o apuro do amor. E ao fundo do horto florestal ela ouve coisas que nunca ouviu, pássaros que gemem.
Nada disfarça o apuro do amor
Um carro em ré. Memória de água em movimento. Beijo.
Gosto particular da tua boca. Último trem subindo ao
céu.
Aguço o ouvido.
Os aparelhos que só fazem som ocupam o lugar
clandestino da felicidade.
Preciso me atar ao velame com as próprias mãos.
Sirgar.
Daqui ao fundo do horto florestal ouço coisas que
nunca ouvi, pássaros que gemem.
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
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TERÇA-FEIRA, AGOSTO 11, 2009
Ana Cristina Cesar tarde aprendeu que bom mesmo é dar a alma como lavada. Para ela, não há razão para conservar um fiapo de noite velha.
O homem público nº 1
Tarde aprendi
bom mesmo
é dar a alma como lavada.
Não há razão
para conservar
este fiapo de noite velha.
Que significa isso?
Há uma fita
que vai sendo cortada
deixando uma sombra
no papel.
Discursos detonam.
Não sou eu que estou ali
de roupa escura
sorrindo ou fingindo
ouvir.
No entanto
também escrevi coisas assim,
para pessoas que nem sei mais
quem são,
de uma doçura
venenosa
de tão funda
Ana Cristina Cesar
(1952-1983)
Mais sobre Ana Cristina Cesar
Ana Cristina Cesar - movimentos e fragmentos poéticos
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
ancorar um navio no espaço"
- Ana Cristina Cesar, poema "Recuperação da adolescência".
Ana Cristina Cruz Cesar (Rio de Janeiro RJ, 2 de junho de 1952 - idem, 29 de outubro de 1983). Poeta, ensaísta, tradutora. Filha de Maria Luiza César e do sociólogo e jornalista Waldo Aranha Lenz César, um dos responsáveis, com o editor Ênio Silveira (1925-1996), pela fundação da editora ecumênica Paz e Terra. Aos sete anos, Ana Cristina tem seus primeiros poemas publicados no jornal Tribuna da Imprensa. Entre 1969 e 1970, interrompe o curso clássico no Colégio de Aplicação da Faculdade Nacional de Filosofia, para estudar inglês no Richmond School for Girls, em Londres, pelo programa de intercâmbio da juventude cristã. Ingressa, em 1971, na Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Desde a vida universitária, participa ativamente da cena cultural carioca e do movimento da poesia marginal, convivendo com poetas como Cacaso (1944-1987) e intelectuais como Heloísa Buarque de Hollanda (1939). Ainda em 1971, inicia a atuação como professora, em escolas de 2º grau e de idiomas. Após a conclusão da graduação, em 1975, colabora para publicações como Opinião, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, com destaque para Beijo, importante periódico de cultura, com sete números impressos, cujo processo acompanha desde sua criação. Em 1979 lança, de forma independente, o primeiro livro de poesia, Cenas de Abril. Seguem-se Correspondência Completa, uma carta ficcional, e Luvas de Pelica, publicado em 1980. Dessa mesma época datam as primeiras traduções, atividade que se torna objeto de estudo na pós-graduação: em 1981, torna-se mestre em teoria e prática da tradução literária pela Universidade de Essex, Inglaterra. De volta ao Brasil, é contratada como analista de textos pela Rede Globo de Televisão e lança, em 1982, A Teus Pés - reunião de títulos publicados até então e ainda o inédito que nomeia o volume. Aos 31 anos, em 1983, comete suicídio. Após sua morte, o poeta e amigo Armando Freitas Filho (1940) organiza sua obra e promove o lançamento dos livros Inéditos e Dispersos, em 1985, Escritos da Inglaterra, 1988, e Escritos no Rio, 1993.
Comentário crítico
Embora comumente identificada aos poetas marginais da década de 1970, Ana Cristina Cesar emprega os procedimentos comuns ao grupo a fim de criticá-los desde o interior: simula o discurso confessional a partir de falsas correspondências e diários; alcança o tom coloquial parodiando textos da tradição literária.
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
Já Correspondência Completa (1980) é paródia desde o título, pois se compõe de apenas uma carta. A remetente, além disso, chama-se Júlia, numa quebra da identificação entre autora do livro e autora da carta, o que impede, ao leitor, a certeza de uma confissão verdadeiramente autobiográfica. No que diz respeito à linguagem, há ambiguidades e lacunas, colocando para o leitor enigmas, e não a possibilidade de identificação.
A trajetória da autora, que pode ser acompanhada em Inéditos & Dispersos - reunião de poemas escritos desde os nove anos de idade -, revela busca pessoal da expressão poética: os primeiros versos são em geral líricos, metrificados e rimados. Já em A Teus Pés (1982) são longos, apresentando tom de conversa, e frequentemente questionam a sociedade conservadora e o lugar nela destinado à mulher. É o que se lê em Sete Chaves: "[...] Não sou dama nem mulher / moderna".
A existência de uma literatura dita feminina é tema dos ensaios da autora, interessada em problemas teóricos como as relações entre literatura e história, invenção e confissão, originalidade e intertexto. Também nesses escritos se revela a ausência de identificação entre Ana Cristina e a geração marginal: "A limpidez da sinceridade nos engana, como engana a superfície tranquila do eu", escreve ela em O Poeta É um Fingidor.
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:: Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural (31.12.2015).
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
Poesia e prosa
:: Cenas de abril. Rio de Janeiro: Edição da autora, 1979.
:: Correspondência completa. [carta ficcional]. Rio de Janeiro: Edição da autora, 1979.
:: Luvas de pelica. [diário poético]. Rio de Janeiro: Edição da autora, 1980.
:: A teus pés. [reúne os livros: Cenas de abril, Correspondência completa, Luvas de pelica e Inéditos e dispersos]. São Paulo: Brasiliense, 1982; São Paulo: Ática / IMS, 1998.
:: Inéditos e dispersos (prosa e poesia).. [organização Armando Freitas Filho]. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.
:: Novas seletas [organização Armando Freitas Filho; com um ensaio de Silviano Santiago]. Rio de Janeiro: Ediouro/Nova Fronteira, 2004.
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
:: Poética. [curadoria editorial e apresentação Armando Freitas Filho; posfácio Viviana Bosi]. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Ensaios
:: Literatura não é documento. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1980.
:: Escritos no Rio. (ensaios e artigos).. [organização e prefácio Armando Freitas Filho]. São Paulo: Editora Brasiliense/Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.
:: Escritos da Inglaterra. (ensaios e artigos).. [organização e prefácio Armando Freitas Filho]. São Paulo: Brasiliense, 1988.
:: Crítica e tradução. [reunião dos 3 livros anteriores e poesias traduzidas inéditas]. São Paulo: Editora Ática, 1999.
Desenhos e anotações
:: Caderno de desenhos. [com desenhos e anotações da poeta durante sua estada nas cidades inglesas de Portsmouth e Colchester, em 1980]. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1980.
Correspondência
:: Ana Cristina Cesar – Correspondência incompleta. [organização Heloisa Buarque de Hollanda e Armando Freitas Filho]. São Paulo: Aeroplano/IMS, 1999; reedição. Selo HB; E-galáxia, 2016.
Biografia
:: Ana Cristina Cesar – O sangue de uma poeta. [autor Italo Moriconi]. E-galáxia, 2016.
Antologias [participação]
:: Os cem melhores poemas brasileiros do século. [seleção e organização Ítalo Moriconi]. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001.
:: 26 Poetas hoje. [Organização Heloisa Buarque de Hollanda]. Rio de Janeiro: Aeroplano, 6ª ed., 2007; reedição. Selo HB; E-galáxia, 2016.
“Enquanto leio meus textos se fazem descobertos. É difícil escondê-los no meio dessas letras. Então me nutro das tetas dos poetas pensados no meu seio.”
- Ana Cristina Cesar, em "Inéditos e dispersos".
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
casablanca
Te acalma, minha loucura!
Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados!
Este som de serra de afiar as facas
não chegará nem perto do teu canteiro de taquicardias...
Estas molas a gemer no quarto ao lado
Roberto Carlos a gemer nas curvas da Bahia
O cheiro inebriante dos cabelos na fila em frente no cinema...
As chaminés espumam pros meus olhos
As hélices do adeus despertam pros meus olhos
Os tamancos e os sinos me acordam depressa na madrugada
[feita de binóculos de gávea
e chuveirinhos de bidê que escuto rígida nos lençóis de pano
- Ana Cristina Cesar, em "Poética". São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Dias não menos dias
Chora-se com a facilidade das nascentes
Nasce-se sem querer, de um jato, como uma dádiva
(às primeiras virações vi corações se entrefugindo todos
ninguém soubera antes o que havia de ser não bater
as pálpebras em monocorde
e a tarde
pendurada ro raminho de um
fogáceo arborescente
deixava-se ir
muda feita uma coisa ultima.
- Ana Cristina Cesar, em "Poética". São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
enciclopédia
Hácate ou Hécata, em gr. Hekáté. Mit. gr.
Divindade lunar e marinha, de tríplice
forma (muitas vezes com três cabeças e
três corpos). Era uma deusa órfica,
parece que originária da Trácia. Enviava
aos homens os terrores noturnos, os fantasmas
e os espectros. Os romanos a veneravam
como deusa da magia infernal.
- Ana Cristina Cesar, em "Poética". São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Estou atrás
do despojamento mais inteiro
da simplicidade mais erma
da palavra mais recém-nascida
do inteiro mais despojado
do ermo mais simples
do nascimento a mais da palavra.
- Ana Cristina Cesar (28.5.69), em "Inéditos e dispersos". [organização Armando Freitas Filho]. São Paulo: Editora Ática/IMS, 1999.
Fagulha
Abri curiosa
o céu.
Ana Cristina Cesar |
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Brasiliense, 1982.
Flores do mais
Devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
- Ana Cristina Cesar, em "Inéditos e dispersos". [organização Armando Freitas Filho]. São Paulo: Editora Ática/IMS, 1999.
Instruções de bordo
Ana Cristina Cesar - menina [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
Pirataria em pleno ar.
A faca nas costelas da aeromoça.
Flocos despencando pelos cantos dos
lábios e casquinhas que suguei atrás
da porta.
Ser a greta,
o garbo,
a eterna liu-chiang dos postais vermelhos.
Latejar os túneis lua azul celestial azul.
Degolar, atemorizar, apertar
o cinto o senso a mancha
roxa na coxa: calores lunares,
copas de champã, charutos úmidos de
licores chineses nas alturas.
Metálico torpor na barriga
da baleia.
Da cabine o profeta feio,
de bandeja.
Três misses sapatinho fino alto esmalte nau
dos insensatos supervoos
rasantes ao luar
despetaladamente
pelada
pedalar sem cócegas sem súcubos
incomparável poltrona reclinável.
- Ana Cristina Cesar, em "Poética". São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Noite carioca
Diálogo de surdos, não: amistoso no frio.
Atravanco na contramão. Suspiros no
contrafluxo. Te apresento a mulher mais discreta
do mundo: essa que não tem nenhum segredo.
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Editora Ática/IMS, 1998.
Olho muito tempo o corpo de um poema
Olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas.
- Ana Cristina Cesar, "A Teus Pés (1982). em "Os cem melhores poemas brasileiros do Século". [seleção e organização Ítalo Moriconi]. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001.
Poesia
jardins inabitados pensamentos
pretensas palavras em
pedaços
jardins ausenta-se
a lua figura de
uma falta contemplada
jardins extremos dessa ausência
de jardins anteriores que
recuam
ausência freqüentada sem mistério
céu que recua
sem pergunta
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Brasiliense, 1982.
Samba-canção
Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça,
Ana Cristina Cesar (Maranhão, 1972) |
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz...
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Brasiliense, 1982.
Soneto
Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida
Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Brasiliense, 1982.
Psicografia
Também eu saio á revelia
E procuro uma síntese nas demoras
Cato obsessões com fria têmpera e digo
Do coração: não soube e digo
Da palavra: não digo(não posso ainda acreditar
Na vida) e demito o verso como quem acena
E vivo como quem despede a raiva de Ter visto.
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Editora Ática/IMS, 1998.
Quartetos
Desdenho os teus passos
Retórica triste:
Sorrio na alma
De ti nada existe
Eu morro e remorro
Na vida que passa
Eu ouço teus passos
Compasso infernal
Nasci para a vida
De morte vivi
mas tudo se acasa
silêncio. Morri
- Ana Cristina Cesar, em "Inéditos e dispersos". [organização Armando Freitas Filho]. São Paulo: Editora Ática/IMS, 1999.
Que deslize
Onde seus olhos estão
as lupas desistem.
O túnel corre, interminável
pouco negro sem quebra
de estações.
Os passageiros nada adivinham.
Deixam correr
Não ficam negros
Deslizam na borracha
carinho discreto
pelo cansaço
que apenas se recosta
contra a transparente
escuridão.
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Editora Ática/IMS, 1998.
Tu queres sono: despe-te dos ruídos
Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono..
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Editora Ática/IMS, 1998.
Ulysses
E ele e os outros me veem.
Quem escolheu este rosto para mim?
Empate outra vez.
Ele teme o pontiagudo
estilete da minha arte tanto quanto
eu temo o dele.
Segredos cansados de sua tirania.
Tiranos que desejam ser destronados.
Segredos, silenciosos, de pedra,
sentados nos palácios escuros
de nossos dois corações:
segredos cansados de sua tirania.
Tiranos que desejam ser destronados.
O mesmo quarto e a mesma hora
toca um tango
uma formiga na pele
da barriga,
rápida e ruiva,
uma sentinela: ilha de terrível sede.
Conchas humanas.
- Ana Cristina Cesar, em "A teus pés". São Paulo: Editora Ática/IMS, 1998.
Um beijo
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
Isto é
imitasse feliz a delicadeza, a sua,
assim como um tropeço
que mergulha surdamente
no reino expresso
do prazer.
Espio sem um ai
as evoluções do teu confronto
à minha sombra
desde a escolha
debruçada no menu;
um peixe grelhado
um namorado
uma água
sem gás
de decolagem:
leitor embevecido
talvez ensurdecido
"ao sucesso"
diria meu censor
"à escuta"
diria meu amor
- Ana Cristina Cesar, em "Poética". São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana Cristina Cesar - Acervo IMS] |
MANUSCRITOS DE ANA CRISTINA CESAR
Original do poema 'Chove', de 11 de outubro de 1965, com as anotações de Ana Cristina. [Arquivo Ana Cristina Cesar - Acervo IMS] |
Chove
A chuva cai.
Os telhados estão molhados,
Os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
O tempo está novo.
A cidade lavada.
A tarde entardece,
Sem o ciciar das cigarras,
Sem o jubilar dos pássaros,
Sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove molhada,
No teto dos guarda-chuvas.
Chove.
A chuva chove ligeira,
Nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventado,
Nos vidros que se embalançam,
Nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
Chove no mar que está cinza,
Chove no asfalto negro,
Chove nos corações.
Chove em cada alma,
Em cada refúgio chove;
E quando me olhaste em mim,
Com os olhos que me seguiam,
Enquanto a chuva caía
No meu coração chovia
A chuva do teu olhar.
- Ana Cristina Cesar, em "Inéditos e dispersos". [organização Armando Freitas Filho]. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.
Original do poema 'Protuberância', de 1 de agosto de 1968. [Arquivo Ana Cristina Cesar - Acervo IMS] |
Protuberância
Este sorriso que muitos chamam de boca
É antes um chafariz, uma coisa louca
Sou amativa antes de tudo
Embora o mundo me condene
Devo falar em nariz(as pontas rimam por dentro)
Se nos determos amanhã
Pelo menos não haverá necessidades frugais nos espreitando
Quem me emprestar seu peito ma madrugada
E me consolar, talvez tal vez me ensine um assobio
Não sei se me querem, escondo-me sem impasses
E repitamos a amadora sou
Armadora decerto atrás das portas
Não abro para ninguém, e se a pena é lépida, nada me detém
É sem dúvida inútil o chuvisco de meus olhos
O círculo se abre em circunferências concêntricas que se
Fecham sobre si mesmas
No ano 2001 terei (2001-1952=) 49 anos e serei uma rainha
Rainha de quem, quê, não importa
E se eu morrer antes disso
Não verei a lua mais de perto
Talvez me irrite pisar no impisável
E a morte deve ser muito mais gostosa
Recheada com marchemélou
Uma lâmpada queimada me contempla
Eu dentro do templo chuto o tempo
Um palavra me delineia
VORAZ
E em breve a sombra se dilui,
Se perde o anjo.
- Ana Cristina Cesar, em "Poética". São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Ana Cristina Cesar - [Arquivo Ana C.. - Acervo IMS] |
Manuscrito "Descuido não (concentração), de Ana Cristina Cesar [Arquivo Ana Cristina Cesar - Acervo IMS]
Descuido não (concentração)
Lembrar da caretice que você não gosta.
Reaproveitar o casaquinho de banlon.
Quando você mal pensa que é novidade, não é.
existe uma medida entre o descuido e a
premeditação – trata-se do cuidado (floating attention). Daí escapam maps of England,
birds, pessoas seguindo numa certa direção,
bichos que vão virando gente, discretamente eróticos, desejando
mancha transparente e diluída de aquarela cor de rosa, see?
Medida exata entre o acaso e a estrutura.
Aprender fazendo, baby.
começar pelas médias (daí para pequenas, depois para grandes).
- Ana Cristina Cesar, em "Caderno de desenhos". [com desenhos e anotações da poeta durante sua estada nas cidades inglesas de Portsmouth e Colchester, em 1980]. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1980.
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Ana Cristina Cesar - movimentos e fragmentos poéticos. Templo Cultural Delfos, dezembro/2015. Disponível no link. (acessado em .../.../...). ____
** Página atualizada em 26.6.2016.
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