SEXO COM PIPOCA
sexualidade e erotismo no cinema
UM SER ICÓGNITO?
por talita aquino em 01 de fev de 2013 às 00:52
O que é ser mulher?... (e várias reticências podiam se encaixar bem aqui...)
É ter um útero? Não ter controle algum no fato de que ele, ansioso do jeito que é, espera por um feto e se cobre todo de sangue, uma vez por mês, para recebê-lo? E que após isso, caso as visitas não venham, expele sangue pela porta de entrada?
Ou seria um cromossomo X a mais? Possuir um 'órgão' cheio de terminações nervosas que aparentemente 'só' serve para proporcionar prazer? São nossas roupas, nossos cabelos e maquiagem no rosto? Seria a servilidade, a fragilidade, a sensibilidade, a doçura, a fraqueza, a loucura, o sexto sentido? Ou os orgasmos múltiplos?
É o que diz minha família? Meus mestres? Meu país? Os donos do mundo?
"Do not growl old, Orlando"
O que vemos no filme Orlando não é uma simples transformação de um homem em uma mulher, mas a construção do conhecimento de si mesmo. Já nos primeiros minutos de filme a atriz Tilda Swinton confronta a câmera e empodera-se da narrativa efetuada em terceira pessoa. Não admite que outros contem sua história já antes de todas as peripécias que viveria exigirem dela exatamente isso.
Após recitar um poema um tanto inadequado para a rainha Elizabeth I (interpretada por Quentin Crisp), recebe dela a oferta de um acordo. A parte de Orlando consistia simplesmente em nunca envelhecer.
Através dos séculos a personagem irá se deparar com o amor e suas traições.Também verá de perto os jogos políticos e as exigências sociais. Experimentará o prazer e o sentimento de liberdade. Renascerá mil vezes em sua existência enquanto homem, enquanto mulher e já como um ser desgarrado destas convenções.
Sally Potter consegue transmitir, em figurinos maravilhosos, fotografia original e excelente, magistral e ousada direção, a impressão de que homem e mulher não podem ser usados para definir naturalmente duas entidades. Orlando ainda está ali, se apoderando da mise-en-scène de sua própria vida, desafiando a câmera e a nós, telespectadores.
Quanto demora para se tornar uma mulher? Talvez Orlando tivesse se perguntado ao longo de seus 400 anos de vida. Talvez Virginia Woolf tenha se perguntado ao escrever o livro na década de 20. Talvez Sally Potter, ao filmar a obra literária.
E quanto tempo para se tornar um homem? ... Talvez você se pergunte...
Eu me pergunto se nos tornamos mesmo e se essa divisão/definição realmente seja necessária...
Artigo da autoria de Talita Aquino.
Sempre que posso tento jornalistar um pouco sobre cinema. E sexualidade é o meu fetiche. Misturemos prazeres então..
Saiba como fazer parte da obvious.
Sempre que posso tento jornalistar um pouco sobre cinema. E sexualidade é o meu fetiche. Misturemos prazeres então..
Saiba como fazer parte da obvious.
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