UMA PEQUENA HOMENAGEM...
João Zinclar, fotógrafo dos movimentos sociais e do Brasil de Fato,
morre em acidente
O ônibus no qual ele viajava foi atingido por um caminhão que vinha no sentido contrário e atravessou a pista. Zinclar retornava de um trabalho em Ipatinga (MG)
Zinclar morava em Campinas (SP), mas seus familiares estão em sua cidade natal, Rio Grande (RS).
João Zinclar tinha 56 anos e deixou uma filha. Ele fotografava para vários movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicatos e meios populares de comunicação, como o Brasil de Fato.
Zinclar foi metalúrgico e integrou a direção do sindicato da categoria em Campinas, de 1990 a 1996. Também foi militante filiado do PCdoB até 1996.
Em 2009, ele lançou o livro fotográfico “O Rio São Francisco e as Águas no Sertão”, um registro da cultura do povo ribeirinho e sua luta em defesa do rio. O livro é resultado dos cinco anos em que Zinclar percorreu as margens do Rio São Francisco em oito estados
“Sou um fotógrafo operário ou um operário da fotografia”, diz João Zinclar
Por Kátia Zanvettor
João Zinclar costuma estar onde o povo está, literalmente. Há 16 anos ele trocou os instrumentos de operário em seu trabalho como encanador industrial e passou a operar a máquina fotográfica. Porém, não esqueceu sua opção de classe e se mantém firme fotografando exclusivamente os movimentos sociais e as causas que considera justas.
Segundo ele, não é uma escolha fácil. Como fotógrafo freelancer já perdeu muito trabalho por “não virar a camisa”, mas é para ele o único caminho possível. “Foi minha condição de operário que me sensibilizou para os movimentos sociais e para a causa dos trabalhadores, eu gostava de fotografia e acabei juntando as duas coisas. Quando fiz da fotografia uma opção profissional, minha sensibilidade para as questões sociais não mudou”, explica.
Esta escolha lhe rendeu algumas histórias emblemáticas como é o caso da inauguração da fábrica da Honda em Sumaré em 1997, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. “Enquanto todos os fotógrafos estavam cobrindo a programação oficial, tirando fotos de FHC, eu estava cobrindo a passeata dos operários. Foi quando a polícia tentou parar a manifestações com truculência e fui o único fotógrafo que pegou as imagens”, lembra. Segundo João, nestas histórias ele procura sempre olhar o lado do trabalhador.
O compromisso com as causas sociais o deixa colado no fotojornalismo e mais recentemente o apresentou a uma nova linguagem que é a atual ênfase do seu trabalho, ou seja, o documentário fotográfico. Seu último trabalho, uma série de fotografias sobre o Rio São Francisco, resultou no livro “O Rio São Francisco e as Águas no Sertão”.
Em parceria com o jornalista Flaldemir Santana, ele registrou por seis anos a vida das comunidades no entorno do rio e de quem depende dele para viver. Para documentar este cotidiano os dois percorreram várias vezes toda a extensão de 2700 Km do São Francisco indo da nascente do rio em Minas Gerais até a sua foz em Sergipe e Alagoas, passando pela Bahia e Pernambuco. “O mais importante foi conseguir desmitificar a principal bandeira do projeto de transposição que é a de eliminação da miséria. Se a água fosse a principal causa da miséria nós não teríamos encontrado tantas comunidades carentes na beira do rio”, afirmou João.
Ao encerrar a entrevista não esqueceu de frisar que o projeto do livro só foi possível graças ao empenho da população que o acolheu e que, de certo modo, apoiou o projeto. Como fotógrafo operário não podia ser diferente. Todo poder ao povo!
Enviada por Sonia Mariza Martusceli.
http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/pontodevista/48199/sou+um+fotografo+operario+ou+um+operario+da+fotografia+diz+joao+zinclar
“Esse cara vai fazer falta neste mundo!”, estava escrito sobre esta foto que roubei do Facebook. Sem dúvida, vai! Todos os vazanteiros, quilombolas, indígenas, pescador@s e lutador@s do São Francisco, começando por meu amigo Ruben Siqueira, perderam um grande companheiro. E com certeza o Velho Chico vai correr suas águas chorando um pouco com eles.
Que viva João Zinclar!"
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