TRAVESSEIRO SUSPENSO POR FIOS DE NYLON

sábado, 11 de maio de 2013

Tecendo Fios e Textos




Tecendo Fios e Textos


Várias histórias e alguns mitos gregos, tais como  Penélope, Moiras, Ariadne e Aracne,  buscam retratar o ideal feminino da mulher, um ideal não enquanto gênero, mas como pulsão de vida. Em outras palavras, essas histórias falam de mulheres que esperam e que, enquanto esperam, tecem e bordam. Ana Maria Machado, em seu livro Texturas, citando os estudos de Treusch-Dieter sobre a fiação, a tecelagem e a mulher,  lembra que a atividade de tecelã "pode ser considerada o paradigma da produtividade feminina. Recorda ainda que é um fato histórico que fiar e tecer estiveram em mãos de mulheres até o aparecimento do tear mecânico".


[...] esse processo reforçou também as comunidades femininas, de mulheres que passavam o dia reunidas, tecendo juntas, separadas dos homens, contando histórias, propondo adivinhas7, brincando com a linguagem, narrando e explorando as palavras, com poder sobre sua própria produtividade e autonomia de criação.A carga simbólica de tudo isso era poderosa, associando útero e tecelagem, cordão umbilical e fio da vida, trama e coletividade na produção de excedentes econômicos. E também não podemos esquecer um aspecto importantíssimo do que criavam. Os produtos finais eram roupas – justamente uma das marcas mais antigas e visíveis da civilização, distinguindo os homens dos outros animais. Juntamente com a linguagem narrativa. (Fonte: Ana Maria Machado, in O Tao da teia – sobre textos e têxteis)
O Mito do Fio ou da Tecelagem  é metáfora usada frequentemente para falar sobre o fazer literário ou a arte de "tecer textos". Etmologicamente “tecer” vem do latim tecere, que significa justamente isso: tramar fios, textos, palavras, ideias.

A relação da palavra “texto” com tecido - com tecer, têxtil, textura, tecelagem - nos indica que a metáfora da trama dos fios tecidos para falar da trama das palavras na composição de um texto, não é uma simples metáfora. Texto e tecido são palavras etimologicamente, de fato, emaranhadas. A “metáfora”, então, se revela talvez a melhor possível - justamente por isso - para falar sobre a tecelagem da escritura. (Fonte: Liane Castro de Araújo, in Tecendo Sentidos: Reescrita e Produção de Textos)

http://culturadetravesseiro.blogspot.com.br 

2 comentários:

  1. Continuo aqui! quieto a ler teus textos... (Ro).

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Imagino que esse texto, digerido pela sua capacidade e reflexão, renda elementos e metáforas para as suas falas e palestras, em seu trabalho comunitário. Um abraço Ro.

      Excluir

Caso queira, faça seus comentários, observações, correções. Grata pela visita.