Para viver a dois, antes, é necessário ser um
Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem
limites,
não podemos crescer
emocionalmente.
Enquanto não
atravessarmos a
dor de nossa própria
solidão,
continuaremos a nos
buscar em outras metades.
Para viver a dois,
antes, é necessário ser um.
( este poema é falsamente atribuído a Fernando Pessoa. Não há referência do verdadeiro autor)
Enquanto não superarmos
Para viver a dois,
antes, é necessário ser um.
( este poema é falsamente atribuído a Fernando Pessoa. Não há referência do verdadeiro autor)
Maria Dilma Campo Burkle -Psicanalista
É muito comum que a base dos relacionamentos de casais estabeleça-se sobre uma distorção da realidade, sem que disso se tenha consciência. A demanda que fica é: “Não me sinto inteira (o), sou incompleta (o) enquanto pessoa”, e daí vem uma extrema necessidade de se encontrar a outra metade.
Metaforicamente, sendo metade de algo que nem sei direito o quê ou quem, o senso de identidade e auto-estima fica prejudicado. Disto resulta colocar nessa metade faltante, expectativas e exigências para dela obter a comprovação de que existo e mereço amor, segurança, felicidade, etc.
Este é o cenário no qual verdadeiros dramas acontecem, no palco chamado vida, onde todos atuam seus personagens, uma grande ficção com direção própria, produzida e enviada diretamente do inconsciente.
Às vezes rindo, outras chorando, sendo protagonista ou telespectador da história de Cinderela, adaptada ao século XXI, a situação se repete: “Se me amasse de verdade, faria tudo por mim!”. E assim, as condições são impostas e nem sempre verbalizadas. O outro até deve adivinhá-las, igual mamãe que já sabia e gratificava ou não, todos os meus desejos. Abraços, beijos, elogios, acompanhar-me nos meus interesses, afirmar e reafirmar seu amor o tempo todo.
Às vezes rindo, outras chorando, sendo protagonista ou telespectador da história de Cinderela, adaptada ao século XXI, a situação se repete: “Se me amasse de verdade, faria tudo por mim!”. E assim, as condições são impostas e nem sempre verbalizadas. O outro até deve adivinhá-las, igual mamãe que já sabia e gratificava ou não, todos os meus desejos. Abraços, beijos, elogios, acompanhar-me nos meus interesses, afirmar e reafirmar seu amor o tempo todo.
Supondo que haja amor, sufoca com tamanhas exigências. Passa a ser tremendo encargo sobre os ombros do outro, que também tem suas próprias questões. Também o inverso costuma ocorrer: “Eu o amo, vivo para satisfazê-lo, sem ele não sobrevivo, falta o ar e o chão sobre o qual me apoio, não posso perdê-lo, portanto me anulo pois sou apenas extensão do outro”.
As configurações e interações que a dimensão emocional humana compõem, fornecem o material para infinitas criações imaginárias e, quase sempre, são atuadas em fatos reais. Todos nós reconhecemos esses conflitos. Em proporção variável, somos agentes de prazer e felicidade do outro, ou este outro acaba sendo o nosso objeto de prazer e felicidade. Revendo nossas histórias, compreendemos os porquês.
Compartilhamos a experiência de desamparo e, nesse enredo, existe a dependência de um outro que nos garanta a sobrevivência. Sendo esse outro o representante da falta que é deslocada e reeditada nas vivências emocionais atuais com nosso parceiro, a ele delegamos o papel que foi um dia o da mãe.
Pobre dele e pobre de nós!
Crianças brincando de serem adultas, vivendo em um mundo de “faz de conta”.
Pobre dele e pobre de nós!
Crianças brincando de serem adultas, vivendo em um mundo de “faz de conta”.
http://sppsic.wordpress.com/tag/relacionamentos/
junho 22, 2010 às 6:38 pm | Publicado em Artigos | Deixar um comentário
Tags: amor, conflitos, emocional, felicidade, Maria Dilma Campo Burkle, relacionamentos, segurança
Esse homem que vai sozinho
Por estas praças, por estas ruas,
Tem consigo um segredo enorme
É um homem
Essa mulher igual às outras
Por estas ruas, por estas praças,
Traz uma surpresa cruel,
É uma mulher
A mulher encontra o homem
Fazem ar de riso, e trocam de mão,
A surpresa e o segredo aumentam.
Violentos.
Mas a sombra do insofrido
Guarda o mistério da escuridão.
A morte ronda com sua foice.
Em verdade, és noite.
MARIO DE ANDRADE
(poeta brasileiro)
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