TRAVESSEIRO SUSPENSO POR FIOS DE NYLON

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Um Operário da Fotografia se foi.... João Zinclar


UMA PEQUENA HOMENAGEM...

João Zinclar, fotógrafo dos movimentos sociais e do Brasil de Fato, 

morre em acidente

Por , 19/01/2013 20:24
O ônibus no qual ele viajava foi atingido por um caminhão que vinha no sentido contrário e atravessou a pista. Zinclar retornava de um trabalho em Ipatinga (MG)

Zinclar morava em Campinas (SP), mas seus familiares estão em sua cidade natal, Rio Grande (RS).
João Zinclar tinha 56 anos e deixou uma filha. Ele fotografava para vários movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicatos e meios populares de comunicação, como o Brasil de Fato.
Zinclar foi metalúrgico e integrou a direção do sindicato da categoria em Campinas, de 1990 a 1996. Também foi militante filiado do PCdoB até 1996.
Em 2009, ele lançou o livro fotográfico “O Rio São Francisco e as Águas no Sertão”, um registro da cultura do povo ribeirinho e sua luta em defesa do rio. O livro é resultado dos cinco anos em que Zinclar percorreu as margens do Rio São Francisco em oito estados

“Sou um fotógrafo operário ou um operário da fotografia”, diz João Zinclar

Barra/BA - no Médio São Francisco - maio/2006
Por , 19/01/2013 19:46
Por Kátia Zanvettor
João Zinclar costuma estar onde o povo está, literalmente. Há 16 anos ele trocou os instrumentos de operário em seu trabalho como encanador industrial e passou a operar a máquina fotográfica. Porém, não esqueceu sua opção de classe e se mantém firme fotografando exclusivamente os movimentos sociais e as causas que considera justas.
Segundo ele, não é uma escolha fácil. Como fotógrafo freelancer já perdeu muito trabalho por “não virar a camisa”, mas é para ele o único caminho possível. “Foi minha condição de operário que me sensibilizou para os movimentos sociais e para a causa dos trabalhadores, eu gostava de fotografia e acabei juntando as duas coisas. Quando fiz da fotografia uma opção profissional, minha sensibilidade para as questões sociais não mudou”, explica.
Esta escolha lhe rendeu algumas histórias emblemáticas como é o caso da inauguração da fábrica da Honda em Sumaré em 1997, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. “Enquanto todos os fotógrafos estavam cobrindo a programação oficial, tirando fotos de FHC, eu estava cobrindo a passeata dos operários. Foi quando a polícia tentou parar a manifestações com truculência e fui o único fotógrafo que pegou as imagens”, lembra. Segundo João, nestas histórias ele procura sempre olhar o lado do trabalhador.
O compromisso com as causas sociais o deixa colado no fotojornalismo e mais recentemente o apresentou a uma nova linguagem que é a atual ênfase do seu trabalho, ou seja, o documentário fotográfico. Seu último trabalho, uma série de fotografias sobre o Rio São Francisco, resultou no livro “O Rio São Francisco e as Águas no Sertão”.
Em parceria com o jornalista Flaldemir Santana, ele registrou por seis anos a vida das comunidades no entorno do rio e de quem depende dele para viver. Para documentar este cotidiano os dois percorreram várias vezes toda a extensão de 2700 Km do São Francisco indo da nascente do rio em Minas Gerais até a sua foz em Sergipe e Alagoas, passando pela Bahia e Pernambuco. “O mais importante foi conseguir desmitificar a principal bandeira do projeto de transposição que é a de eliminação da miséria.  Se a água fosse a principal causa da miséria nós não teríamos encontrado tantas comunidades carentes na beira do rio”, afirmou João.
Ao encerrar a entrevista não esqueceu de frisar que o projeto do livro só foi possível graças ao empenho da população que o acolheu e que, de certo modo, apoiou o projeto. Como fotógrafo operário não podia ser diferente. Todo poder ao povo!
 
Enviada por Sonia Mariza Martusceli.
http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/pontodevista/48199/sou+um+fotografo+operario+ou+um+operario+da+fotografia+diz+joao+zinclar


Confira abaixo OUTRAS fotografias de João Zinclar:
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http://www.brasildefato.com.br/node/11636




Montes Claros/MG, bacia do São Francisco - junho 2006


Quilombo Mangal Barro vermelho, em Sítio do Mato/BA, no Médio São Francisco - julho/2006


Quilombo Mangal Barro Vermelho, em Sítio do Matao/BA - no Médio São Francisco - julho 2006


Cabrobó/PE - no Submédio do rio São Francisco - julho/2007

Açude Santa Cruz, em Apodi/RN - junho 2007


Açude Santa Luzia, em Assunção/PB - junho 2007

Aiuaba/CE - junho/2007

Jaraguaribara/CE - novembro/2009

“Esse cara vai fazer falta neste mundo!”, estava escrito sobre esta foto que roubei do Facebook. Sem dúvida, vai! Todos os vazanteiros, quilombolas, indígenas, pescador@s e lutador@s do São Francisco, começando por meu amigo Ruben Siqueira, perderam um grande companheiro. E com certeza o Velho Chico vai correr suas águas chorando um pouco com eles.
Que viva João Zinclar!"




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