TRAVESSEIRO SUSPENSO POR FIOS DE NYLON

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Tempo Vive...



Obra  de  Salvador Dallí
 O Passado como Base para o PresenteO tempo, na sua marcha, utiliza e destrói o que é temporal. Também nele existe mais eternidade no passado que no presente. Valor da história efectivamente cumprida, semelhante à da recordação em Proust. Deste modo, o passado apresenta-nos qualquer coisa que é, simultaneamente, real e melhor que nós, e que pode empurrar-nos para cima, coisa que o futuro nunca faz. Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'   Ler outros pensamentos de Simone Weil A Natureza Subjectiva do TempoO tempo, tal como o espaço, é uma forma pura da intuição ou percepção sensível. É a condição de toda a percepção activa imediata, e também de tudo o que é percepcionado, isto é, de toda a experiência e de tudo o que é experimentado. A natureza é feita de tempo e de espaço, e é um processo. Quando salientamos o seu aspecto espacial, estamos conscientes da sua natureza objectiva; quando salientamos o seu aspecto temporal, tornamo-nos conscientes da sua natureza subjectiva. Tal como a percepcionamos, a natureza é um processo de devir infindável e contínuo. As coisas chegam e partem no tempo, mas são também temporais - o tempo é o seu modo de existência. Georg Hegel, in 'Enciclopédia'  - Ler outros pensamentos de Georg Hegel
História e Tempo são Sempre ContingentesQuerer predizer o futuro (profetizar) e querer ouvir a necessidade do passado são uma única e mesma coisa, e é apenas um problema de gosto se determinada geração acha uma coisa mais plausível que a outra. (...) O distanciamento no tempo engana o sentido do espírito tal como o afastamento no espaço provoca o erro dos sentidos. O contemporâneo não vê a necessidade do que vem a ser, mas, quando há séculos entre o vir a ser e o observador, este vê então a necessidade, tal como aquele que vê à distância o quadradrado como redondo. (...) Tudo o que é histórico é contingente, pois justamente pelo facto de acontecer, de se tornar histórico, recebe o seu momento de contingência, pois a contingência é precisamente o único factor de tudo o que vem a ser.Soren Kierkegaard, in 'Migalhas Filosóficas'  - Ler outros pensamentos de Soren Kierkegaard
É Necessário Estar Sempre EmbriagadoÉ necessário estar sempre embriagado. Tudo está aí: é a única questão. Para não se sentir o horrível fardo do Tempo que quebranta os vossos ombros e vos curva em direcção à terra, deveis vos embriagar sem trégua. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiserdes. Mas embriagai-vos. Charles Baudelaire, in 'Pequenos Poemas em Prosa'  - Ler outros pensamentos de Charles Baudelaire 
A TemporalidadeA temporalidade é evidentemente uma estrutura organizada, e esses três pretensos "elementos" do tempo, passado, presente , futuro, não devem ser considerados como uma colecção de "dados" cuja soma deve ser feita - por exemplo, como uma série infinita de "agora", alguns dos quais ainda não são, outros que não são mais -, mas como momentos estruturados de uma síntese original. Senão encontraremos, em primeiro lugar, este paradoxo: o passado não é mais, o futuro ainda não é, quanto ao presente instantâneo, todos sabem que ele não é tudo, é o limite de uma divisão infinita, como o ponto sem dimensão. Jean-Paul Sartre, in 'O Ser e o Nada'  -  Ler outros pensamentos de Jean-Paul Sartre
O Tempo e o EspíritoO tempo, embora faça desabrochar e definhar animais e plantas com assombrosa pontualidade, não tem sobre a alma do homem efeitos tão simples. A alma do homem, aliás, age de forma igualmente estranha sobre o corpo do tempo. Uma hora, alojada no bizarro elemento do espírito humano, pode valer cinquenta ou cem vezes mais que a sua duração medida pelo relógio; em contrapartida, uma hora pode ser fielmente representada no mostrador do espírito por um segundo. Virginia Woolf, in "Orlando" - Ler outros pensamentos de Virginia Woolf
Saber Desfrutar Todos os TemposNós mostramo-nos ingratos em relação ao que nos foi dado por esperarmos sempre no futuro, como se o futuro (na hipótese de lá chegarmos) não se transformasse rapidamente em passado. Quem goza apenas do presente não sabe dar o correcto valor aos benefícios da existência; quer o futuro quer o passado nos podem proporcionar satisfação, o primeiro pela expectativa, o segundo pela recordação; só que enquanto um é incerto e pode não se realizar, o outro nunca pode deixar de ter acontecido. Que loucura é esta que nos faz não dar importância ao que temos de mais certo? Mostremo-nos satisfeitos por tudo o que nos foi dado gozar, a não ser que o nosso espírito seja um cesto roto onde o que entra por um lado vai logo sair pelo outro! Séneca, in 'Cartas a Lucílio'  -  Ler outros pensamentos de Lucius Annaeus Seneca 
Tempo é MudançaO tempo é a dimensão da mudança. Sem percepção da mudança, não há e não pode haver percepção do tempo. E as diferentes atitudes para com o tempo são corolários de diferentes atitudes para com a mudança.(...) Vive-se bem a vida em camaradagem com o tempo, vendo-o como ele é, respeitando as suas obras, inclusive a decadência e a morte, com o passado e com a história. A restauração é uma autodecepção e frequentemente um crime.(...) O tempo é frequentemente destrutivo - como o são os escultores quando trabalham um bloco de pedra. Mas velhos rostos podem ser mais expressivos que rostos jovens, velhas paredes e esculturas mais ricas que as novas. Walter Kaufmann, in 'O Tempo é um Artista'  -  Ler outros pensamentos de Walter
Não há Nada que Resista ao TempoNão há nada que resista ao tempo. Como uma grande duna que se vai formando grão a grão, o esquecimento cobre tudo. Ainda há dias pensava nisto a propósito de não sei que afecto. Nisto de duas pessoas julgarem que se amam tresloucadamente, de não terem mutuamente no corpo e no pensamento senão a imagem do outro, e daí a meia dúzia de anos não se lembrarem sequer de que tal amor existiu, cruzarem-se numa rua sem qualquer estremecimento, como dois desconhecidos. Essa certeza, hoje então, radicou-se ainda mais em mim. Fui ver a casa onde passei um dos anos cruciais da minha vida de menino. E nem as portas, nem as janelas, nem o panorama em frente me disseram nada. Tinha cá dentro, é certo, uma nebulosa sentimental de tudo aquilo. Mas o concreto, o real, o número de degraus da escada, a cara da senhoria, a significação terrena de tudo aquilo, desaparecera. Miguel Torga, in "Diário (1940)" - Portugal  -  Ler outros pensamentos de Miguel Torga
Aproveitar o Tempo
Verbalismo... 
Sim, verbalismo... Aproveitar o tempo!Não ter um minuto que o exame de consciência desconheça... Não ter um acto indefinido nem factício...Não ter um movimento desconforme com propósitos...Boas maneiras da alma... Elegância de persistir...Aproveitar o tempo!Mas o que é o tempo, que eu o aproveite? Aproveitar o tempo! Nenhum dia sem linha...O trabalho honesto e superior... O trabalho à Virgílio, à Mílton...Mas é tão difícil ser honesto ou superior! É tão pouco provável ser Milton ou ser Virgílio! Aproveitar o tempo! Tirar da alma os bocados precisos - nem mais nem menos -Para com eles juntar os cubos ajustados.Que fazem gravuras certas na história (E estão certas também do lado de baixo que se não vê)...Pôr as sensações em castelo de cartas, pobre China dos serões, E os pensamentos em dominó, igual contra igual, E a vontade em carambola difícil. Imagens de jogos ou de paciências ou de passatempos - Imagens da vida, imagens das vidas. Imagens da Vida. 
Meu coração está cansado como mendigo verdadeiro.Meu cérebro está pronto como um fardo posto ao canto. Meu canto (verbalismo!) está tal como está e é triste. Aproveitar o tempo! Desde que comecei a escrever passaram cinco minutos. Aproveitei-os ou não? Se não sei se os aproveitei, que saberei de outros minutos?! (Passageira que viajaras tantas vezes no mesmo compartimento comigo No comboio suburbano, Chegaste a interessar-te por mim? Aproveitei o tempo olhando para ti? Qual foi o ritmo do nosso sossego no comboio andante? Qual foi o entendimento que não chegámos a ter? Qual foi a vida que houve nisto? Que foi isto a vida?) Aproveitar o tempo! Ah, deixem-me não aproveitar nada! Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!... Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa, A poeira de uma estrada involuntária e sozinha, O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras, O pião do garoto, que vai a parar, E oscila, no mesmo movimento que o da alma, E cai, como caem os deuses, no chão do Destino. Álvaro de Campos, in "Poemas" - Heterónimo de Fernando Pessoa  -   Ler outros poemas de Álvaro de Campos(Heterónimo de Fernando Pessoa) 
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo. Cada Coisa a seu Tempo Tem seu TempoNão florescem no inverno os arvoredos, Nem pela primavera Têm branco frio os campos. À noite, que entra, não pertence, Lídia, O mesmo ardor que o dia nos pedia. Com mais sossego amemos A nossa incerta vida. À lareira, cansados não da obra Mas porque a hora é a hora dos cansaços, Não puxemos a voz Acima de um segredo, E casuais, interrompidas, sejamNossas palavras de reminiscência Não para mais nos serve A negra ida do Sol) — Pouco a pouco o passado recordemos E as histórias contadas no passado Agora duas vezes Histórias, que nos falem Das flores que na nossa infância ida Com outra consciência nós colhíamos E sob uma outra espécie De olhar lançado ao mundo. E assim, Lídia, à lareira, como estando, Deuses lares, ali na eternidade, Como quem compõe roupas O outrora compúnhamos Nesse desassossego que o descanso Nos traz às vidas quando só pensamos Naquilo que já fomos, E há só noite lá fora. Ricardo Reis, in "Odes" Heterónimo de Fernando Pessoa  -    Ler outros poemas de Ricardo Reis - (Heterónimo de Fernando Pessoa)  

Breves São os AnosO ano passa, e breves são os anos, 
Poucos a vida dura. 
Que são doze ou sessenta na floresta 
Dos números, e quanto pouco falta 
Para o fim do futuro! 
Dois terços já, tão rápido, do curso 
Que me é imposto correr descendo, passo. 
Apresso, e breve acabo. 
Dado em declive deixo, e invito apresso 
O moribundo passo. 


Ricardo Reis, in "Odes" 
Heterónimo de Fernando Pessoa   -   
Ler outros poemas de Ricardo Reis  (Heterónimo de Fernando Pessoa) 



Qualquer TempoQualquer tempo é tempo. 
A hora mesma da morte 
é hora de nascer. 

Nenhum tempo é tempo 
bastante para a ciência 
de ver, rever. 

Tempo, contratempo 
anulam-se, mas o sonho 
resta, de viver. 


Carlos Drummond de Andrade, in 'A Falta que Ama'

Ler outros poemas de Carlos Drummond de Andrad
e









Duração

O tempo era bom? Não era 
O tempo é, para sempre. 
A hera da antiga era 
roreja incansavelmente. 

Aconteceu há mil anos? 
Continua acontecendo. 
Nos mais desbotados panos, 
estou me lendo e relendo. 

Tudo morto, na distância 
que vai de alguém a si mesmo? 
Vive tudo, mas sem ânsia 
de estar amando e estar preso. 

Pois tudo enfim se liberta 
de ferros forjados no ar. 
A alma sorri, já bem perto, 
da raiz mesma do ser.
 

Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'

Ler outros poemas de Carlos Drummond de Andrade 





A Minha Hora(Portugal)Que horas são? O meu relógio está parado, 
Há quanto tempo!... 
Que pena o meu relógio estar parado 
E eu não poder marcar esta hora extraordinária! 
Hora em que o sonho ascende, lento, muito lento, 
Hora som de violino a expirar... Hora vária, 
Hora sombra alongada de convento... 

Hora feita de nostalgia 
Dos degredados... 
Hora dos abandonados 
E dos que o tédio abate sem cessar... 
Hora dos que nunca tiveram alegria, 
Hora dos que cismam noite e dia, 
Hora dos que morrem sem amar... 

Hora em que os doentes de corpo e alma, 
Pedem ao Senhor para os sarar... 
Hora de febre e de calma, 
Hora em que morre o sol e nasce o luar... 
Hora em que os pinheiros pela encosta acima, 
São monges a rezar... 

Hora irmã da caridade 
Que dá remédio aos que o não têm... 
Hora saudade... 
Hora dos Pedro Sem... 
Hora dos que choram por não ter vivido, 
Hora dos que vivem a chorar alguém... 

Hora dos que têm um sonho águia mas... ai! 
Águia sem asas para voar... 
Hora dos que não têm mãe nem pai 
E dos que não têm um berço p'ra embalar... 
Hora dos que passam por este mundo, 
De olhos fechados, a sonhar... 

Hora de sonhos... A minha hora 
- 'Stertor's de sol, vagidos de luar - 
Mas... ai! a lua lá vem agora... 
- Senhora lua, minha senhora, 
Mais um minuto para a minha hora, 
Mais um minuto para sonhar... 

Saúl Dias, in "Dispersos (Primeiros Poemas)"

Ler outros poemas de Saúl Dias
(Júlio Maria dos Reis Pereira)
 
www.citador.pt

" Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante, vai ser diferente."

"Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."
Carlos Drummond de Andrade, poeta mineiro, (1902-1987) - Brasil











"O passado foi duro mas deixou seu legado.Saber viver é a grande sabedoria. (...)Aceitei contradições, lutas e perdas como lições de vida e delas me sirvo.Aprendi a viver."

Cora Coralina- poeta de Goiás Velho / Brasil







O Tempo Vive


O tempo vive, quando os homens, nele, 
se esquecem de si mesmos, 
ficando, embora, a contemplar o estreme 
reduto de estar sendo. 
O tempo vive a refrescar a sede 
dos animais e do vento, 
quando a estrutura estremece 
a dura escuridão que, desde dentro, 
irrompe. E fica com o uivo agreste 
espantando o seu estrondo de silêncio.


 Fernando Echevarría, in "Sobre os Mortos" (Portugal)
Ler outros poemas de Fernando Echevarría
www.citador.pt


*Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech,
1º Marquês de Dalí de Púbol (Figueres11 de Maio de 1904 — Figueres, 23 de Janeiro de 1989), conhecido apenas como Salvador Dalí, foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista. O trabalho de Dalí chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica. Dalí foi influenciado pelos mestres do Renascimento.[1][2] O seu trabalho mais conhecido, A Persistência da Memória, foi concluído em 1931. Salvador Dalí teve também trabalhos artísticos no cinema, escultura, e fotografia. http://pt.wikipedia.org

O grande tema deste quadro de DALÍ é o tempo, representado por relógios flácidos, indicando horas e minutos que são humanos e por isso moldáveis: os relógios marcam horas diferentes.

Ao fundo, uma paisagem sombria e infinita dominada por uma zona de luz, talvez uma praia ao amanhecer; talvez a mancha brilhante de um tempo indefinido, longe do presente, distante e ambíguo como o sonho. Talvez apenas as praias da Catalunha, sua casa; talvez apenas o realismo de um mundo que afinal existe, que, embora distante, escapa à tirania do tempo.

Os relógios escorregam como o tempo que flui. Um relógio fechado, coberto por formigas, animais frenéticos, que parecem devorá-lo; trata-se aqui da memória fechada, do tempo morto, devorado, abatido pela vida. Mas a formiga é também o animal da decomposição, da decadência; e o metal do tempo, mesmo que de ouro se trate, torna-se, também ele, vítima dessa decadência. Na zona central do quadro, um relógio que escorrega pelo dorso de uma criatura monstruosa onde se antevê o rosto do próprio Dali; o tempo sobreposto à vida; o tempo dominador implacável, tirano de vidas e seres. Um relógio pendente de uma árvore seca, talvez consumida pelo próprio tempo. E um relógio que escorrega de uma mesa, de uma aresta em ângulo recto, ângulo rigoroso como as horas que nos oprimem.

A ideia do quadro surgiu, segundo Dali, quando meditava sobre a natureza do queijo camembert. De facto, aqueles relógios são macios como o queijo e como o mundo quando sonhado, não vivido. Esta afirmação enquadra-se perfeitamente no espírito do pintor: homem de imaginação sem limites como é próprio de um grande criador. Por outro lado, essa imaginação confunde-se com a dimensão onírica da sua arte; o sonho deforma a realidade e até um queijo pode ser a imagem da solidão, da saudade ou da revolta. O sonho é, talvez, a maior expressão de liberdade do cérebro humano; nessa ocasião em que vagueia sem destino, a nossa mente liberta-se totalmente desse tempo definido e concreto a que chamamos presente.

As formas redondas conferem aos relógios uma simbologia sexual, principalmente o que se encontra ao centro a “cobrir” uma rocha ou um ser monstruoso e que simula o rosto do próprio autor. Esta conotação sensual transmite a ideia de relação entre o prazer e o tempo; o prazer como recusa da memória, como paragem no tempo ou como o seu elemento deformador; o prazer como elemento de eternização do presente.

Este tema relaciona-se também com a descoberta da teoria da relatividade, de Einstein, que ocorreu na época em que Dali pintou este quadro: os relógios deformados remetem para a relatividade do tempo; para a dimensão intemporal, em que o tempo “humano” é relativizado.Por outro lado, esta era a época de afirmação da psicanálise e de toda a teoria de Freud, que se debruçou sobre a sexualidade humana e a importância dos sonhos. Esta dimensão onírica é uma das pedras de toque de toda a pintura surrealista e de S. Dali em particular. Do ponto de vista técnico destaque para a variedade e riqueza de pormenores, bem como para o realismo presente nos vários elementos do quadro...
Texto de Zeus

Salvador Dallí - Paradoxo do Tempo


Tempo 

 Adélia Prado

A mim que desde a infância venho vindo,
como se o meu destino,
fosse o exato destino de uma estrela,
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
Vinte anos mais vinte é o que tenho,
mulher ocidental que se fosse homem,
amaria chamar-se Fliud Jonathan.
Neste exato momento do dia vinte de julho,
de mil novecentos e setenta e seis,
o céu é bruma, está frio, estou feia,
acabo de receber um beijo pelo correio.
Quarenta anos: não quero faca nem queijo.
Quero a fome.



  • "Sobre O Tempo" 
Banda  Pato Fu
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Tempo, tempo mano velho, 
falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final
Ah-ah-ah ah-ahAh-ah-ah ah-ah

* Pato Fu é uma banda brasileira de rock alternativo formada em 1992 da banda Sustados por 1 Gesto, na cidade de Belo Horizonte. Ao lado de bandas comoRadioheadU2 e Portishead, foi considerada pela revista Time uma das dez melhores bandas do mundo fora dos Estados Unidos.[1] Composta atualmente porFernanda TakaiJohn UlhoaRicardo KoctusXande Tamietti e Lulu Camargo, a banda possui um som que vai do rock alternativo à música experimental, incluindo influências eletrônicas em certas faixas. Entre as músicas que a banda gravou mais famosas estão "Sobre O Tempo", "Antes Que Seja Tarde", "Depois", "Perdendo Dentes", "Made in Japan" e "Ando Meio Desligado" (regravação d'Os Mutantes). 

Años

MERCEDES SOSA
Composição: Pablo Milanés


El tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de razón
Passam os anos e como muda o que eu sinto
O que ontem era amor vai se tornando outro sentimento
Porque anos atrás tomar tua mão roubar-te um beijo
Sem forçar o momento fazia parte de uma verdade
El tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer (como ayer)
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de razón
Vamos viviendo viendo las horas
Que van pasando las viejas discusiones
Se van perdiendo entre las razones
A todo dices que si a nada digo que no para poder construir
Esa tremenda armonia que pone viejo los corazones
Porque el tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de temor
Vamos vivendo vendo as horas
Que vão passando as velhas discussões
Vão se perdendo entre as razões
A tudo dizes que sim a nada digo que no para poder construir
Esa tremenda armonia que pone viejo los corazones
El tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer
En cada conversación cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo de razón
Porque el tiempo pasa nos vamos poniendo viejos
Yo el amor no lo reflejo como ayer

MERCEDES SOSA
Haydée Mercedes Sosa  (ApelidoLa Negra)
Nascimento: 9 de julho de 1935
País: Argentina
Data de morte: 4 de outubro de 2009 (74 anos)
Período em atividade: 1959 - 2009
Outras ocupações:Ativista

El Tiempo, El Implacable, El Que Pasó 
El tiempo, el implacable, el que pasó,
siempre una huella triste nos dejó,
qué violento cimiento se forjó
llevaremos sus marcas imborrables.

Aferrarse a las cosas detenidas
es ausentarse un poco de la vida.
La vida que es tan corta al parecer
cuando se han hecho cosas sin querer.

En este breve ciclo en que pasamos
cada paso se da porque se sienta.
Al hacer un recuento ya nos vamos
y la vida pasó sin darnos cuenta.

Cada paso anterior deja una huella
que lejos de borrarse se incorpora
a tu saco tan lleno de recuerdos
que cuando menos se imagina afloran.

Porque el tiempo, el implacable, el que pasó,
siempre una huella triste nos dejó.
http://www.vagalume.com.br/mercedes-sosa/el-tiempo-el-implacable-el-que-paso.html#ixzz1TjuV5AJg

Oração Do Tempo  -   
(Tempo, Tempo, Tempo)
Compositor : Caetano Veloso  - Brasil
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo 
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo

Compositor de destinos 
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo 
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo

Por seres tão inventivo 
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo 
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo

Que sejas ainda mais vivo 
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que eu te digo
Tempo tempo tempo tempo

Peço-te o prazer legítimo 
E o movimento preciso 
Tempo tempo tempo tempo 
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo 
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo

O que usaremos pra isso 
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas conte comigo
Tempo tempo tempo tempo

E quando eu tiver saído 
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo 
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo

Ainda assim acredito 
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo 
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo

Portanto peço-te aquilo 
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo 
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo

O Tempo não Pára - Cazuza*

(one of the best songs from one of the best if not the best singer in Brazil! 
show in Rio de Janeiro, Brasil -  Canecão - 1988.)
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára


Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

* Cazuza morre em 07 de julho de 1990
www.cazuza.com.br

2 comentários:

  1. Lindíssimo o teu blog, fiquei muito comovida.
    Obrigada.

    Beijos

    Mônica

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    Respostas
    1. Eu é que sou grata por sua visita!

      Beijos também pra você,

      Magali


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